O Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro apoia o programa do governo eSocial,   que busca unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados, garantindo direitos trabalhistas e previdenciários e simplificando o cumprimento das obrigações principais e acessórias, reduzindo custos e informalidade. Libera, com isso, o Administrador/Gestor do trabalho repetitivo e burocrático dentro das organizações. Principalmente, se você pensar que o trabalho Administrativo é muito mais do que registro, anotação e fichário. Em verdade, permitir ao Administrador focar em suas funções nobres, que estão vinculadas ao planejamento, à organização, à supervisão, ao comando, à decisão, ao controle e à coordenação. Portanto, as funções de gestão ficam enriquecidas pelo profissional libertado das funções rotineiras e burocráticas, que visam atender a uma legislação que pode ser automatizada. Podemos afirmar que tudo que pode ser automatizado deve ser feito. E o Governo Federal está dando um belo passo nessa direção.

Usemos como exemplo, obviamente, a questão do empregado doméstico e as novas leis que estão em vigor. Sem esse modelo do eSocial seria bastante complicado para as donas de casa conseguirem colocar em dia o pagamento dos seus empregados domésticos. A mesma coisa aconteceu em relação ao Imposto de Renda que, antes de ser automatizado, era complicadíssimo para a maioria dos contribuintes. Estamos dando um passo importantíssimo para as organizações se libertarem da burocratização, que é o apanágio da sociedade brasileira. Esta unificação de dados já é normal em outros países, consideravelmente mais desenvolvidos do que o Brasil. É preciso espelhar o que há de melhor nesses locais.

E para nós, profissionais, essa inovação vem em boa hora. Essa é realmente a utilização adequada da Tecnologia da Informação a favor das organizações, já que o papel do gestor não é fazer o que está no ‘gibi’, o que está no ‘gibi’ está na legislação ou nas regras. O papel do Administrador é fazer o que não está no ‘gibi’, pensar a realidade e transformá-la em novos projetos, pensar o novo e trazê-lo para o cotidiano. O feijão com arroz, o cotidiano, deve ser feito pela máquina. O Administrador deve pensar e concentrar a sua ação em como essa máquina deve ser aprimorada, fazer melhor do que já fez, fazer o que ainda não faz, deixar de fazer o que não deveria ser feito.

Outro ponto que precisa ser levado é que essa novidade fará com que os profissionais de Administração, gerentes de Recursos Humanos que apenas fazem as contas de pessoal precisem ser substituídos por gerentes de Recursos Humanos que apliquem seu conhecimento na Ciência do Comportamento humano nas organizações. Sair do velho e tradicional Departamento de Pessoal para efetivamente se entregar ao trabalho de Recursos Humanos. Essas mudanças demonstrarão que o trabalho repetitivo e burocrático não é para o Administrador, e sim, para um Técnico Administrativo de nível médio que pode preencher os formulários tranquilamente, liberando, como já disse antes, o gestor para o trabalho intelectual. Poderemos usar melhor uma mão de obra de nível médio e deixar de subutilizar os profissionais de nível superior, que muitas vezes, têm como função apenas o preenchimento de formulários, registros etc. Isso aconteceu com os Advogados, quando o sistema judiciário foi automatizado; com os próprios contadores, na ocasião do surgimento da Nova Contabilidade; e, hoje, acontece com os Administradores. Sendo este mais um motivo para darmos importância aos nossos profissionais de Nível Médio Técnico que ainda não são reconhecidos e registrados dentro do nosso sistema.

Vamos valorizar a profissão e deixá-la crescer no caminho certo, do desenvolvimento e do crescimento da sociedade.

Adm. Wagner Siqueira
CRA-RJ nº 01-02903-7
Presidente